O assunto “Inteligência artificial” ganhou notoriedade graças a popularização do ChatGPT que se tornou o primeiro serviço disponível para uso por qualquer pessoa. O tema no entanto não é novidade, já que esteve presente em nosso dia a dia muito antes dessa onda de ferramentas que surgiram depois do ChatGPT.
O século XXI vai ficar marcado pela explosão da inteligência artificial na prática (além da internet e redes sociais). A IA está remodelando a forma como interagimos, trabalhamos e até mesmo como pensamos. Mas, para compreender o fenômeno atual, precisamos olhar para os catalisadores dessa transformação, entendendo o passado e onde tudo começou.
A evolução da Inteligência Artificial
Há cerca de 20 anos, filmes como “Eu, Robô (2004)” e “Minority Report (2002)” ilustravam conceitos que até então pareciam impossíveis. Vale lembrar que a ideia de inteligência artificial foi concebida muito antes de que pudéssemos ter a tecnologia para poder tornar o conceito em realidade – ou seja, apesar de muito se discutir IA no passado, os componentes eletrônicos disponíveis na época não permitiam o desenvolvimento de soluções robustas.
1942: Bomba Eletromecânica
Muito antes disso, durante a segunda guerra, foi criada a Bomba Eletromecânica, que acelerava a decodificação de mensagens. Sabe aquelas mensagens criptografadas que vemos na TV em séries de espiões? Apesar de um humano poder realizar a decodificação manualmente (com algum tipo de guia), uma máquina facilitava muito este processo: ela recebia uma instrução e retornava algo processado a partir de instruções programadas por um humano.
1956: Surge o termo “IA”
Em 1956, foi que John Mcarthy introudizu o termo “Inteligência Artificial” durante o Dartmouth Conference, um espécie de congresso onde cientistas se reuniram para discutir ideias. Foi a partir dai que nasceu o campo de estudo dedicado a IA.
1964: O primeiro chatbot
Em 1964, o mesmo modelo de linguagem que alimenta o ChatGPT também foi utilizado para criar o primeiro chatbot, apelidado de Eliza, pelo pesquisador do MIT Joseph Weizenbaum.
1997: Robô campeão de xadrez
Em 1997, o mundo conheceu o Deep Blue, um supercomputador que foi capaz de derrotar o campeão Garry Kasparov – o Deep Blue nada mais é do que uma Inteligência Artificial avançada porém com funcionamento semelhante à bomba eletromagnética: o Deep Blue também analisava dados que recebia e processava possibilidades com objetivo de antever os movimentos de Garry.
1998 e o avanço rápido
Em 1998, o Google foi criado, capaz de interpretar termos de buscas e retornar resulados. Em 2011 conhecemos a Siri da Apple, capaz de realizar tarefas através de comandos de voz. Em 2014, a Amazon lançou a Alexa com capacidade de controlar outros dispositivos e agir como assistente virtual. Bom, já deu pra entender que são mais de 50 anos de desenvolvimento para chegarmos no modelo que temos hoje – isso sem falar na antiguidade, desde quando filósofos começaram a questionar e entender o comportamento humano – este conhecimento serviu de plataforma para o conceito de Inteligência Artificial que conhecemos hoje.
Intel e nVidia: processadores poderosos para o mundo moderno
A corrida para uma computação mais rápida foi essencial para o desenvolvimento dos algoritmos e modelos de linguagem que temos hoje. Gigantes como Intel e NVIDIA não são apenas fabricantes de componentes. São, na verdade, arquitetos da era digital moderna.
Nos últimos anos, o avanço do poder computacional dos processadores foi absurdo. Tanto os CPUs (Intel) e as GPUs (nVidia) alcançaram níveis de processamento de dados que fizeram toda a diferença na era digital que vivemos hoje.
Se você acompanhou o boom das criptomoedas, sabe que as placas de vídeo (GPU) se mostraram processadores extremamente poderosos.
Um bom exemplo para entender IA é entender o algoritmo do Instagram e outras redes sociais. Estes algoritmos são simplesmente máquinas que processam uma infinidade de dados sobre os usuários. O resultado é o perfil de cada usuário, com suas preferências e hábitos dentro de cada aplicativo.
Se a IA é o cérebro, os dados são o seu alimento. As redes sociais tornaram-se terrenos férteis para algoritmos de aprendizado de máquina. A cada tweet, post ou like, geramos informações que alimentam sistemas cada vez mais inteligentes.
Este mar de dados, combinado com o poder de processamento, permitiu a personalização em uma escala sem precedentes. Quer se trate de um anúncio perfeitamente alinhado aos nossos interesses ou de uma recomendação de vídeo que nos mantém colados à tela, a IA está por trás dessa orquestração.
Inteligência artificial na prática
Se você leu até aqui, já entendeu que um dos principais objetivos de ferramentas de IA é facilitar nossa vida, processando informações rapidamente para acelerar a realização de nossas tarefas.
Vamos agora falar de inteligência artificial na prática, com exemplos claros que você pode utilizar no seu dia a dia.
1. Assistentes Virtuais (Siri, Alex, Pixby, etc)
A criação da Siri em 2014 marcou o mercado. Hoje, é possível utilizar estes assistentes de formas avançadas para facilitar o seu dia-a-dia:
- Automação de casas: com comandos de voz, é possível acender as luzes, fechar cortinas, ativar alarmes, mudar a temperatura do ar condicionado, ligar e desligar aparelhos eletrônicos, etc.
- Crie lembretes, listas de tarefas pendentes, inicie timers, ajuste seu despertador, crie compromissos e agende reuniões em seu calendário, toque músicas, etc.
- Faça perguntas, busque informações na web, pergunte como está o clima hoje, como está o transito, quanto tempo pra chegar em algum endereço, etc.
Veja que cada vez mais as ferramentas fazem o papel de um assistente humano, processando informações rapidamente e entregando resultados que facilitam sua vida.
2. GPS e Navegação
Novamente, o processamento de dados é a chave para entender a IA. Hoje, em tempo real, os aplicativos recebem dados e processam tudo tão rápido que conseguimos ter previsões de chegada a um destino, informações de trânsito, etc.
Com estas informações, outros aplicativos conseguem também fornecer dados para melhorar a experi6encia dos usuários: quando você pede comida em um aplicativo, pode rastrear o seu pedido e sabe exatamente quando ele vai chegar em sua casa.
Mapear ruas, estimar velocidade média e tempo de chegada com base em distâncias e dados históricos, entender o tempo perdido em cada cruzamento, cada semáforo: são muitas possibilidades processadas e analisadas pela IA pra nosso benefício.
3. Chatbots e atendimento ao cliente
Se você já brincou com o ChatGPT com certeza já sabe que a ferramenta pode te dar respostas sobre uma infinidade de assuntos. Quando implementamos algo parecido dentro de um ambiente comporativo, podemos carregar a IA com informações sobre assuntos específicos e a partir dai, ela pode gerar respostas e interagir com usuários, oferecendo soluções rápidas e otimizando o atendimento.
4. E-mail, filtros e funções
Sabe quando você recebe um e-mail com uma passagem de avião que acabou de comprar e automaticamente o Google adicionar um evento ao seu calendário naquela data? Pois é, isso é IA: o aplicativo entende o conteúdo do seu e-mail e sabe que você vai precisar do seu calendário – essa é uma integração perfeita entre os serviços.
Filtros de SPAM também são um bom exemplo: através de dados históricos e até analisando seu comportamento, a IA consegue identificar o que é interessante e o que passa a ser SPAM dentro do seu contexto.
5. Reconhecimento Facial e Biométrico
Sabe a tecnologia que protege o seu telefone e somente destrava com a sua face ou digital? Tudo isso é possível graças a IA.
Uma foto ou escaneamento 3D da sua face contém milhões de informações que são processados por um algoritmo, comparadas com uma análise prévia e entregam um resultado: se a face for reconhecida, destrave o aparelho.
6. Redes Sociais
Já falei sobre o algoritmo do Instagram e como este é mais um exemplo da Inteligência Artificial na prática.
Um algoritmo é capaz de coletar, analisar dados e entregar resultados em tempo real. Quando tempo você ficou assistindo um vídeo, quando tempo demorou pra dar um like, quais palavras usou nos seus comentários. Todos estes dados servem para traçar o seu perfil e fazer recomendações baseadas em seu comportamento.
São milhares de dados analisados em alguns segundos – o que antes era impossível, agora é realidade.
7. Criação de conteúdo
Uma das principais e mais utilizadas funções do ChatGPT é a criação de conteúdo – é possível fazer praticamente de tudo dentro da ferramenta.
- Crie Textos, Redações, Trabalhos Acadêmicos, Poesias
- Crie Posts para o Instagram, Facebook e outras redes
- Crie Descrições de produtos, da sua empresa – é possível usar o ChatGPT para criar campanhas de marketing
- Obtenha ideias de diferentes conteúdos
- Crie e-mails profissionais, refaça currículos, crie texto para anúncios (copy)
O futuro da Inteligência Artificial e as profissões
Muito foi comentado sobre os diferentes usos da inteligência artificial na prática e como isso influenciará o mercado de profissões. Será que algumas profissões deixarão de existir?
Ainda é difícil dizer, mas imagine advogados que poderão analisar milhares de casos em apenas alguns segundos, ou mesmo médicos que poderão cruzar variáveis nunca imaginadas entre si para chegar em possíveis diagnósticos.
Quem não evoluir, certamente ficará para trás.