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A imagem apresenta um livro antigo aberto sobre uma mesa de madeira, com ilustrações e texto parecendo flutuar acima das páginas, para ilustrar técnicas de storytelling de uma forma mágica. O fundo está suavemente desfocado, sugerindo um cantinho de leitura aconchegante.

9 Técnicas de Storytelling na prática

Sempre que ouço alguém falar que devemos usar storytelling no marketing, surge uma dúvida em minha cabeça. “Ok, eu entendo narrativas e a importância de contar histórias e amarrar toda a estratégia, mas, como posso usar técnicas de storytelling na prática? O que fazer exatamente para cativar a audiência e tornar minha história relevante?

Pra ajudar a responder essa dúvida de como usar storytelling no dia a dia, separei 9 técnicas que podem ser utilizadas por qualquer pessoa.

Porque storytelling é importante?

Já falei sobre a importância de contar histórias de forma mais completa, mas pra resumir e irmos direto pra parte prática, histórias são importantes porque:

  • Fornecem uma estrutura lógica para o ouvinte, com ideia de fatos organizados com começo meio e fim
  • Possibilitam que você controle o que você quer comunicar pra audiência, em que ordem e em que momento
  • Histórias despertam emoções e por isso são marcantes. gerando conexão entre o narrador e o ouvinte (rapport)

9 Técnicas de Storytelling

Se você já entende a importância de contar boas histórias, aqui vão algumas técnicas pra você usar.

1. Torne sua história visual

Você deve se lembrar das aulas de redação e dos textos descritivos. Quando for contar histórias, lembre-se de oferecer ao ouvinte uma experiência completa, descrevendo personagens e ambientes de forma vívida e com detalhes relevantes. Procure trazer elementos do cotidiano de todas as pessoas, algo com que facilmente elas vão se identificar.

Exemplo: “Outro dia estava num barzinho com uns amigos. Sabe aqueles bares com mesas na calçada, com música ao vivo, clima descontraído?? O mais louco é que não dá pra acreditar no nível da conversa que estavamos tendo no meio do pagode”.

Veja que neste trecho, descrevemos o ambiente e automaticamente, desenhamos na cabeça da audiência a imagem do local utilizando trechos descritivos como “outro dia”, “mesas na calçada”, “música ao vivo”, “clima descontraído” e “no meio do pagode”.

O mesmo trecho ficaria muito ruim e vago se falássemos: “Estava conversando com uns amigos num bar”.

2. Use elementos do cotidiano

Para reforçar o exemplo acima, essa é outro técnica de storytelling que deve ser utilizada sempre: use elementos e acontecimentos familiares à sua audiência e evite linguagem técnica e jargões possivelmente desconhecidos do público (como o bar).

Se você estiver falando com médicos no campo da microbiologia, faz todo o sentido dizer “Cara, estava saindo de casa e minha esposa me disse que estávamos indo pra uma festa surpresa. Na hora fiquei em pânico, afinal não tem como gostar de culturas inesperadas!”.

Isso porque piada brinca com o termo “culturas”, que em microbiologia refere-se ao crescimento de microrganismos em um meio de cultura, e o contexto de uma festa surpresa, onde “culturas inesperadas” podem ser uma fonte de preocupação para um microbiologista.

Porém para um público mais amplo, essa piada é muito difícil de compreender.

3. Utilize contraste (dualidade)

Esse é um dos conceitos mais antigos e naturais que existem. Tudo que tem contraste tem maior visibilidade e é mais marcante. Quando você quer destacar uma parte de um texto, o que você faz? Coloca a fonte em negrito e gera contraste entre o resto do texto e o termo em destaque!

Assim também funciona durante a arte de contar histórias. Contraste é uma forma de apresentar conflitos, dualidades, ideias diferentes, fatos marcantes, o antes e o depois, o fracasso e a mudança para o sucesso, o bem e o mal, o herói e o vilão.

Uma das formas mais tradicionais de se usar contraste é optar pelo uso do gatilho mental do inimigo em comum. Neste contexto, você se coloca junto à sua audiência passando por um problema em comum. Pode ser algo simples como por exemplo a conta de luz que “quebra suas pernas no final do mês por conta do ar condiciondo”. Veja que neste pequeno trecho temos:

  • Você e sua audiência contra a conta de luz, juntos contra um inimigo/problema em comum
  • Senso de pertencimento e elemento cotidiano (estamos todos no mesmo barco, sofremos os mesmos problemas comuns)

Aqui também entra o famoso “plot twist” que é algo marcante que vem para contrastar com o senso comum, algo que destoa do normal e quebra expectativas.

4. Varie a perspectiva

Quando contamos histórias geralmente temos um narrador em primeira ou terceira pessoa.

“Eu estava ali, naquela rua de terra, todo sujo e vendo aquilo acontecer. Eu só consguia pensar em ajudar aquelas pessoas. Não pensei duas vezes” – Este é um exemplo em primeira pessoa de um personagem que é parte do acontecimento.

Numa outra perspectiva, há o narrador em terceira pessoa onisciente, que sabe de todos os fatos e há o narrador limitado, que vai descobrindo coisas enquanto conta a história.

“O pessoal saiu correndo quando ouviu o gerente falar em desconto. Mal sabiam que o desconto era pra 1 pessoa só…” Aqui temos um narrador que sabe de tudo sobre a história, ele mostra que já conhece o desenrolar dos fatos, ele sabe que as pessoas iriam se frustrar quando descobrissem o que ele já sabia.

5. Flashbacks

Este é um recurso bastante comum utilizado para revelar fatos importantes que ajudam a trazer sentido para a história atual e construir contexto.

Você já deve ter visto isso muito em novelas e filmes, quando exibem um trecho de algo que aconteceu no passado que mostra e dá razão ao que está acontecendo no presente.

6. Utilize uma terceira pessoa

O objetivo aqui é evitar falar sobre “você”. Isso geralmente deixa o discurso monótono, chato e faz com que as pessoas se desinteressem. Em casos extremos, podem te julgar por falar demais sobre si mesmo. Além disso, trazer uma terceira pessoa também fortalece a ideia que você quer passar.

Ao invés de simplesmente introduzir um conceito, introduza uma terceira pessoa pra dar credibilidade ao que você está falando e não ser “só sobre você”.

“A verdade é que considero o Messi melhor do que o Cristiano Ronaldo.” – esse é um exemplo do que não se deve fazer. Soa prepotente e cria uma aversão na audiência.

” Eu estava agora mesmo falando com um amigo pelo telefone e entre gritos, no final chegamos na mesma conclusão… pra nós, o Messi é melhor que o Cristiano Ronaldo” – esse é uma forma mais sutil, que usa elementos de storytelling para passar uma ideia.

7. Use loops

Loops são pequenos pedaçoes de uma um de várias histórias que são iniciados e não finalizados imediatamente, deixando algo pra acontecer mais pra frente.

“Eu estava explicando pro pessoal a diferença entre persona e público-alvo, mas ai o garçom chegou no meio da mesa e comecóu a contar uma piada. Mó doidera, do nada começou a falar e parecia o cara do The Noite. Em fim, quando ele terminou, conseguiu finalizar explicando que a persona está dentro do público-alvo — e lembrei o nome do cara, é o Danilo Gentili!”

Veja que o objetivo aqui é deixar questões em aberto e fatos que serão revelados mais pra frente.

8. Comece a história pelo fato mais marcante

Essa é uma técnica para prender a atenção da audiência logo no primeiro momento. Comece com algo importante, realmente marcante e diferente. Depois, use outras técnicas (como flashbacks) pra explicar em maiores detalhes a história.

9. Queime a largada

Ao contrário de começar por um fato marcante, comece por algo previsível, algo que seja de fácil compreensão e coloque a audiência em um estado de conforto. Deixa a audiência chegar a conclusão básica e depois diga que não é sobre aquilo que você vai falar.

Isso gera um impacto imediato e desperta interessa da audiência na sua próxima história.

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